domingo, agosto 20, 2006

Quanto vale uma experiência?

Pertenço ao clube dos que não têm emenda. Aqueles para quem o tempo não é sábio nem conselheiro, que aprendem népia com a experiência. É triste mas é verdade.Dizem que aquilo que nos faz sofrer tem geralmente a vantagem de ensinar qualquer coisa. A não voltar a repetir os mesmos erros, partindo do princípio que não queremos cair na mesma desgraça. Quanto a mim só posso dizer que volta tudo à estaca zero. É sempre a primeira vez. Estou sempre a desaprender, ou não chego a aprender nada, porque tenho esta capacidade incrível de esquecer tudo numa fracção de tempo que pode durar...cinco minutos. Mas quando me dói, dói a sério. Juro que é a última vez e que a partir de então tudo será diferente e nada voltará a ser igual. Não consigo determinar o espaço de tempo compreendido entre uma lágrima e a entrega a um novo sorriso, mas é sempre surpreendente. Sem dar por isso estou novamente a mãos com promessas gastas, que sei à partida nunca levar à avante. Choro mais um pouquinho até que a dor disfarçada de felicidade entre novamente na janela da minha alma, e entrego-me a ela com o fulgor de uma inocente. Disfarço bem os “calos” que me doem quando caio, e deixo-me levar por instantes que nunca compensam. Há quem diga que “vale sempre a pena quando a alma não é pequena” e eu cá acho que devo ter uma alma do tamanho do mundo. Nos intervalos de tempo sou capaz de ser feliz, de estar feliz. Mas é um radicalismo difícil de sustentar.A sucessão de dias e noites no encalço de tornar-me mais normal, se é que há um padrão para essa denominada normalidade, não mais resultam que em noites mal dormidas, olheiras acrescidas e pouca concentração diária.Também há quem me chame ingénua. Isto de tentar ver o lado bom e belo das coisas chama-se agora inocência. Ninguém diria que sou caranguejo de signo, tal é a minha incapacidade de andar de pé atrás...Mas é assim. Não tenho remédio e não encontro nenhum para resolver isso. Por isso, vou conjugando pessimamente o ambíguo estado que é o de viver todos os dias como se fosse a primeira vez.

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