A TV QUE TEMOS
O “LIXO” QUE COMEMOS...
Há muito que os princípios e critérios televisivos deixaram de ser comandados pelo reconhecimento do direito aos espectadores à informação e a uma programação que visasse o cumprimento de um serviço público, ou seja, entreter, informar e educar.
É indiscutível, porque abusivamente visível, que a lógica comercial se entranhou no espírito dos responsáveis televisivos e que são as audiências que marcam o compasso programativo das estações.
Para prejuízo nosso, nem a RTP escapou. E a televisão que temos é aquela que nos dão, porque sabem que as alternativas são parcas e que de uma maneira ou de outra a decisão penderá para um qualquer programa.
O boom deu-se quando estreou a novela da vida real, transmitida em directo da casa mais vigiada de Portugal, elevando a TVI a níveis de audiência que nem sonhava alcançar, num terreno que mais parecia totalmente dominado pela soberania da SIC.
Atreva-se a passar um dia à frente da televisão – a verdade visível e triste é que não há pachorra para tanta falta de respeito pelo consumidor. Inundam-nos com telenovelas atrás e telenovelas, reality shows, pausa para os telejornais, mais telenovelas, e quando já se começa a fazer tarde para quem trabalha e tem de se erguer cedo, lá começa um filme jeitosinho, um debate interessante, uma série fenomenal, que não se vai ver, que o vai privar do melhor momento que esperou durante todo o dia.
Já para não falar das constantes alterações na programação, adiamentos de programas e filmes agendados. Tudo por causa das audiências. Tudo porque as estações televisivas em vez de se preocuparem em oferecer produtos de qualidade estão sempre de olhos postos no vizinho, sabendo que isso só prejudica os espectadores, stressa-os quando o que se quer é relaxar.
Continua-se a zappar entre os três canais monopolizadores (salva-se a RTP 2, que não aderiu a este regime ditado pelos shares e que ainda nos presenteia com alguns programas de qualidade)... cada vez menos inovadores e sem carimbo de qualidade que os valha.
Há ainda a TV Cabo, que como se sabe ainda é privilégio de alguns. Pese o facto de também ela já começar a entrar numa lógica comercial, nomeadamente de publicidade...
O melhor mesmo é, em vez de estar a cansar a vista com “lixo” que não é obrigado a comer, pegar num bom livro e deliciar-se com a qualidade da escrita. Ou ouvir música, ou mesmo dar um passeio.
Há ainda a TV Cabo, que como se sabe ainda é privilégio de alguns. Pese o facto de também ela já começar a entrar numa lógica comercial, nomeadamente de publicidade...
O melhor mesmo é, em vez de estar a cansar a vista com “lixo” que não é obrigado a comer, pegar num bom livro e deliciar-se com a qualidade da escrita. Ou ouvir música, ou mesmo dar um passeio.
Por isso deixo-vos duas sugestões capazes de abrir o “apetite”, atendendo aos seus condimentos literários, alternativas a uma azia quase certa: “A insustentável leveza do ser”, de Milan Kundera, “O Amor em Tempos de Cólera””, de Gabriel Garcia Marquez ou até mesmo “O Principezinho” de Antoine Saint-Exupéry. Se ousarem a troca, digam-me qualquer coisa...