sábado, setembro 02, 2006

Será que ainda te lembras?



Será que ainda te lembras dos beijos que trocávamos, no final das aulas, quando me levavas a casa, ciumento que eras, porque sabias que se não fosses tu outros se ofereceriam e tu não gostavas dessas partilhas, porque, justificavas, esses momentos eram só nossos. Tão nossos que às vezes penso que o tempo, que nessa altura corria apressado mas que nos entretantos parece ter parado, os conservou, lá onde só o pensamento ansioso de lembranças doces consegue alcançar e recordar.
E eu, chegava a casa sempre atrasada para o almoço, ouvia um raspanete da minha mãe, admiradíssima com o ar de felicidade estampado no meu rosto, que ela não compreendia, e como poderia se não sabia que esses minutos que me esfriavam o prato eram os mesmos que me aqueciam o coração.
Será que tu ainda te lembras desse Inverno gelado, quando caminhávamos vagarosamente sobre a chuva, num único chapéu, o meu, que eu bem sei que tu fazias de propósito por te esqueceres do teu para te colares a mim e dizeres que o meu cabelo cheirava bem. Eu também fazia de propósito por me esquecer das luvas para me queixar do frio para que tu me aqueceres as mãos.
Tudo feito como se tratasse de uma promessa velada, selada em beijos escondidos, de uma pertença que acreditávamos ser eterna mas que não foi.
Lembraste? Eu nunca me esqueci do cheiro das folhas que caíam no chão enquanto a minha felicidade se elevava ao céu...

sexta-feira, setembro 01, 2006




Na areia da praia escrevi
Os meus ideais com um pauzinho
E o mar que se aproximava devagarinho
Subitamente os apagou

Assim como a minha alma
Que coloquei na mão
E a brisa serena
Bruscamente levou…


e tudo isto me faz recordar aquela musiquinha


"o mar enrola na areia
ninguém sabe o que ele diz
bate na areia e desmaia
porque se sente feliz

O mar também é casado
O mar também tem filhinhos
É casado com a areia
E os filhos são os peixinhos..."


Sempre é melhor que a floribella não?

A TV QUE TEMOS

O “LIXO” QUE COMEMOS...



Há muito que os princípios e critérios televisivos deixaram de ser comandados pelo reconhecimento do direito aos espectadores à informação e a uma programação que visasse o cumprimento de um serviço público, ou seja, entreter, informar e educar.
É indiscutível, porque abusivamente visível, que a lógica comercial se entranhou no espírito dos responsáveis televisivos e que são as audiências que marcam o compasso programativo das estações.
Para prejuízo nosso, nem a RTP escapou. E a televisão que temos é aquela que nos dão, porque sabem que as alternativas são parcas e que de uma maneira ou de outra a decisão penderá para um qualquer programa.
O boom deu-se quando estreou a novela da vida real, transmitida em directo da casa mais vigiada de Portugal, elevando a TVI a níveis de audiência que nem sonhava alcançar, num terreno que mais parecia totalmente dominado pela soberania da SIC.
Atreva-se a passar um dia à frente da televisão – a verdade visível e triste é que não há pachorra para tanta falta de respeito pelo consumidor. Inundam-nos com telenovelas atrás e telenovelas, reality shows, pausa para os telejornais, mais telenovelas, e quando já se começa a fazer tarde para quem trabalha e tem de se erguer cedo, lá começa um filme jeitosinho, um debate interessante, uma série fenomenal, que não se vai ver, que o vai privar do melhor momento que esperou durante todo o dia.
Já para não falar das constantes alterações na programação, adiamentos de programas e filmes agendados. Tudo por causa das audiências. Tudo porque as estações televisivas em vez de se preocuparem em oferecer produtos de qualidade estão sempre de olhos postos no vizinho, sabendo que isso só prejudica os espectadores, stressa-os quando o que se quer é relaxar.
Continua-se a zappar entre os três canais monopolizadores (salva-se a RTP 2, que não aderiu a este regime ditado pelos shares e que ainda nos presenteia com alguns programas de qualidade)... cada vez menos inovadores e sem carimbo de qualidade que os valha.
Há ainda a TV Cabo, que como se sabe ainda é privilégio de alguns. Pese o facto de também ela já começar a entrar numa lógica comercial, nomeadamente de publicidade...
O melhor mesmo é, em vez de estar a cansar a vista com “lixo” que não é obrigado a comer, pegar num bom livro e deliciar-se com a qualidade da escrita. Ou ouvir música, ou mesmo dar um passeio.
Há ainda a TV Cabo, que como se sabe ainda é privilégio de alguns. Pese o facto de também ela já começar a entrar numa lógica comercial, nomeadamente de publicidade...
O melhor mesmo é, em vez de estar a cansar a vista com “lixo” que não é obrigado a comer, pegar num bom livro e deliciar-se com a qualidade da escrita. Ou ouvir música, ou mesmo dar um passeio.
Por isso deixo-vos duas sugestões capazes de abrir o “apetite”, atendendo aos seus condimentos literários, alternativas a uma azia quase certa: “A insustentável leveza do ser”, de Milan Kundera, “O Amor em Tempos de Cólera””, de Gabriel Garcia Marquez ou até mesmo “O Principezinho” de Antoine Saint-Exupéry. Se ousarem a troca, digam-me qualquer coisa...

quinta-feira, agosto 31, 2006



A rosa vermelha voava
Nos sonhos eternos
Amores serenos
Que seu cheiro tocava

Tinha na cor a dor
Do amor dos amantes
No trago do seu sabor
Deixava-os distantes

Sempre persente
Como que a flutuar
A flor, a cor, o aroma
Duas mãos que acabam de se tocar
Um sentimento que se retoma

Sela um beijo
Guarda um desejo
É do amor, a rosa.
Afasta a dor, seu cheiro

Guarda-a por inteiro!!!

Sobre a condução....



Cada vez se morre mais nas estradas em Portugal – é um facto. O porquê só a Deus pertence, porque as estradas continuam as mesmas, graças ao governo que temos (pode ser que agora qualquer coisa mude), os automobilistas é que vão mudando.
A permissão para tirar a carta de condução aos dezoito anos é muito questionável. Os miúdos que se apanham pela primeira vez com um carrito na mão têm a monomania de se julgarem uns autênticos "fangios", vá-se lá saber porquê, mas a verdade é que se julgam uns ases ao volante de um super potente carro. Não têm capacidade para avaliar o que realmente têm em mãos nem a que velocidade moderada andar. Moderação é palavra que não entra nos seus dicionários de jovens aprendizes na arte da condução. O que importa é por o pé no acelerador e dar graças a deus por estar vivo enquanto se vangloriam de terem feito aquela curva a cem à hora só para impressionar os amigos que ficam mas é com um cagaço que juram nunca mais andar nas mãos daquele maluco.
Aos dezoito anos ainda se é muito pequenino. Principalmente se se é rapaz. Está provado que as raparigas são mais prudentes a conduzir. Ter dezoito anos deveria, por isso, ser só isso – ter dezoito anos. A carta de condução viria mais tarde, quando houvesse mais consciência dos perigos que representa pegar num automóvel e pô-lo a deambular pelas estradas do nosso país.
A bebida é outro motivo dos acidentes terem disparado. Conduzir embriagado representa um autêntico perigo não só para os que o fazem como para os restantes automobilistas. Só porque nos apetece bebemos uns copitos a mais na companhia dos nossos tão simpáticos amigos e depois as coisas acontecem e fica-se muito surpreendido. O principal defeito de quem bebe é o de não ter a noção do quanto bebeu nem admitir o estado em que se encontra. Depois é uma aventura pelas estradas e com alguma sorte no meio daquele mar de ondas de alcatrão chega-se a casa são e salvo, o que nem sempre acontece.
Conduzir com sono é igualmente perigoso. Ou sob o efeito de estupefacientes, sejam eles drogas ou meros comprimidos para uma dorzita de cabeça. Outra moda agora é a das apostas feitas em conduzir contra a mão.

Na sequência deste texto, gostava de tecer uma opinião sobre o anúncio das criancinhas que sobem ao avião, e cujo intuito do mesmo é apelar à redução da velocidade.

Enquanto anúncio, se não tivesse nenhuma voz, está bem feito. A mensagem que passa não. Nem todos a entendem – aquela metáfora não é entendida á primeira, e muitas vezes nem à segunda e eu não me considero assim tão burra para não o entender há primeira – é infeliz, infelizmente, passe a redundância. Até porque se o intuito é chocar, usar as crianças não me parece o melhor caminho. Não são as únicas a morrer... e não me parece que este anúncio/apelo da forma como está feito venha a alterar alguma coisa...
Mas a maior hipocrisia vem, na minha opinião, na parte final em que o ministério da administração interna apela à redução da velocidade. Questiono - não é esse ministério o responsável pelas estradas que temos? Há pessoas que mesmo devagar morrem porque o nosso país não possui estradas, via-rápidas em condições - sobretudo no norte, sem falar no ip4. Eu que conduzo e sei de cor uma via rápida que liga Guimarães a Fafe e vice-versa tenho de ir com cuidado, porque ela é muito traiçoeira. Mais, recordo-me que quando foi inaugurada eram só faixas pretas penduradas de pessoas a quem estrada ceifou a vida, pois dá a ideia de que se pode andar relativamente à vontade quando as curvas são extremamente perigosos e as próprias rectas também. De noite chego a ligar os máximos e como já referi conheço-a de cor. Por isso penso que o Sr. ministro, António Costa, antes de promover este anúncio, que nada vem acrescentar, deveria meter as mãos na consciência e fazer um outro talvez "pedindo desculpa pelos transtornos causados e mortes pelas nossas estradas que nem sempre estão nas melhores condições de serem utilizadas, prometendo criar mais e melhores infra-estruturas aos condutores" - digo isto em tom irónico mas onde anda esta gente com a cabeça?