quinta-feira, agosto 31, 2006

Sobre a condução....



Cada vez se morre mais nas estradas em Portugal – é um facto. O porquê só a Deus pertence, porque as estradas continuam as mesmas, graças ao governo que temos (pode ser que agora qualquer coisa mude), os automobilistas é que vão mudando.
A permissão para tirar a carta de condução aos dezoito anos é muito questionável. Os miúdos que se apanham pela primeira vez com um carrito na mão têm a monomania de se julgarem uns autênticos "fangios", vá-se lá saber porquê, mas a verdade é que se julgam uns ases ao volante de um super potente carro. Não têm capacidade para avaliar o que realmente têm em mãos nem a que velocidade moderada andar. Moderação é palavra que não entra nos seus dicionários de jovens aprendizes na arte da condução. O que importa é por o pé no acelerador e dar graças a deus por estar vivo enquanto se vangloriam de terem feito aquela curva a cem à hora só para impressionar os amigos que ficam mas é com um cagaço que juram nunca mais andar nas mãos daquele maluco.
Aos dezoito anos ainda se é muito pequenino. Principalmente se se é rapaz. Está provado que as raparigas são mais prudentes a conduzir. Ter dezoito anos deveria, por isso, ser só isso – ter dezoito anos. A carta de condução viria mais tarde, quando houvesse mais consciência dos perigos que representa pegar num automóvel e pô-lo a deambular pelas estradas do nosso país.
A bebida é outro motivo dos acidentes terem disparado. Conduzir embriagado representa um autêntico perigo não só para os que o fazem como para os restantes automobilistas. Só porque nos apetece bebemos uns copitos a mais na companhia dos nossos tão simpáticos amigos e depois as coisas acontecem e fica-se muito surpreendido. O principal defeito de quem bebe é o de não ter a noção do quanto bebeu nem admitir o estado em que se encontra. Depois é uma aventura pelas estradas e com alguma sorte no meio daquele mar de ondas de alcatrão chega-se a casa são e salvo, o que nem sempre acontece.
Conduzir com sono é igualmente perigoso. Ou sob o efeito de estupefacientes, sejam eles drogas ou meros comprimidos para uma dorzita de cabeça. Outra moda agora é a das apostas feitas em conduzir contra a mão.

Na sequência deste texto, gostava de tecer uma opinião sobre o anúncio das criancinhas que sobem ao avião, e cujo intuito do mesmo é apelar à redução da velocidade.

Enquanto anúncio, se não tivesse nenhuma voz, está bem feito. A mensagem que passa não. Nem todos a entendem – aquela metáfora não é entendida á primeira, e muitas vezes nem à segunda e eu não me considero assim tão burra para não o entender há primeira – é infeliz, infelizmente, passe a redundância. Até porque se o intuito é chocar, usar as crianças não me parece o melhor caminho. Não são as únicas a morrer... e não me parece que este anúncio/apelo da forma como está feito venha a alterar alguma coisa...
Mas a maior hipocrisia vem, na minha opinião, na parte final em que o ministério da administração interna apela à redução da velocidade. Questiono - não é esse ministério o responsável pelas estradas que temos? Há pessoas que mesmo devagar morrem porque o nosso país não possui estradas, via-rápidas em condições - sobretudo no norte, sem falar no ip4. Eu que conduzo e sei de cor uma via rápida que liga Guimarães a Fafe e vice-versa tenho de ir com cuidado, porque ela é muito traiçoeira. Mais, recordo-me que quando foi inaugurada eram só faixas pretas penduradas de pessoas a quem estrada ceifou a vida, pois dá a ideia de que se pode andar relativamente à vontade quando as curvas são extremamente perigosos e as próprias rectas também. De noite chego a ligar os máximos e como já referi conheço-a de cor. Por isso penso que o Sr. ministro, António Costa, antes de promover este anúncio, que nada vem acrescentar, deveria meter as mãos na consciência e fazer um outro talvez "pedindo desculpa pelos transtornos causados e mortes pelas nossas estradas que nem sempre estão nas melhores condições de serem utilizadas, prometendo criar mais e melhores infra-estruturas aos condutores" - digo isto em tom irónico mas onde anda esta gente com a cabeça?

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