Um sentido chamado sexto
Dizem que o que os olhos não vêem o coração não sente, mas às vezes pressente... Pelo menos ela pensava que assim o era, e pensava tanto que era quase uma certeza isso que tantos chamam de sexto sentido, pertença quase exclusiva do sexo feminino, de parte desconhecida do organismo. Uma adivinhação quase sempre certa, um pressentimento quase nunca refutado pela prática. Uma mais valia. O que quer que seja a verdade é que há olhos que o amor torna cegos e a paixão não deixa enxergar mas ainda assim o coração bate a determinado momento mais forte, torna-se capaz de ver mais longe, onde nenhum olhar pode chegar, determinar factos que aconteceram sem que deles se tenha qualquer certeza, uma espécie de olfacto misturado com tacto, do mais aprofundado que existe na face da terra. Sabe-se e pronto.
Ela sabia-o muitas vezes, por vezes antes de acontecer efectivamente, quase que parecia bruxa não fosse o senso comum atribuir-lhe tal designação. Muitas vezes sentia o coração doente de tanto que conseguia ver. Para lá do amor e da paixão que a cegavam. Talvez porque nunca tenha nenhum tido a capacidade de lhe retirar por completo a noção do espaço e do tempo que o coração lhe confinava e confiava tão bem.
Com um sexto sentido, sabia ler nas entrelinhas do amor o que ele próprio ainda não previra. Sem cair no calculismo. Rasando a previsão. Completamente e inevitavelmente presa a essa adivinhação sem futuro que somente trazia dissabores. Preferia não ter nenhum sentido, nenhum pelo menos denominado de sexto. Abdicaria dele se necessário. Mas nunca foi necessário nem preciso.
Ela tinha essa capacidade quase sobre-humana de nascença, como um sinal que nasce com a gente, daqueles que nos acompanham o crescimento, mas não mudam de cor, mantendo-se na sua essência inalteráveis.
Por tudo isto e tudo isto para dizer que não adiantava mentir-lhe, a não ser para fazê-la rir dessa mancha das almas das pessoas que não são capazes de aguentar dizer simplesmente a verdade. Ela ria-se muito e ninguém percebia bem porquê, mas ela sabia era por isso que ria da mentira alheia. Também sofria, e ela sabia bem que o que diziam, que às vezes vale mais uma doce mentira do que uma dura verdade tinha alguma razão de ser. Apenas não percebia porque tinha de arcar sempre com as verdades, por muito duras que fossem, sem ilusões que lhe facilitassem a existência. Muito terra a terra por imposição da vida. A própria vida que lhe trazia os amores, destruía-lhe os mitos e as nuances cor-de-rosa que lhes tentasse imprimir. Por isso as suas paixões eram, invariavelmente, coloridas de preto e branco, num daltonismo nem sempre sustentável com a maior das levezas. Olfacto e tacto e visão e ouvidos e paladar muito muito apurados... Dotada de nascença com um sexto sentido altamente apuradísssimo, perigosíssimo e tristíssimo.
Ela sabia-o muitas vezes, por vezes antes de acontecer efectivamente, quase que parecia bruxa não fosse o senso comum atribuir-lhe tal designação. Muitas vezes sentia o coração doente de tanto que conseguia ver. Para lá do amor e da paixão que a cegavam. Talvez porque nunca tenha nenhum tido a capacidade de lhe retirar por completo a noção do espaço e do tempo que o coração lhe confinava e confiava tão bem.
Com um sexto sentido, sabia ler nas entrelinhas do amor o que ele próprio ainda não previra. Sem cair no calculismo. Rasando a previsão. Completamente e inevitavelmente presa a essa adivinhação sem futuro que somente trazia dissabores. Preferia não ter nenhum sentido, nenhum pelo menos denominado de sexto. Abdicaria dele se necessário. Mas nunca foi necessário nem preciso.
Ela tinha essa capacidade quase sobre-humana de nascença, como um sinal que nasce com a gente, daqueles que nos acompanham o crescimento, mas não mudam de cor, mantendo-se na sua essência inalteráveis.
Por tudo isto e tudo isto para dizer que não adiantava mentir-lhe, a não ser para fazê-la rir dessa mancha das almas das pessoas que não são capazes de aguentar dizer simplesmente a verdade. Ela ria-se muito e ninguém percebia bem porquê, mas ela sabia era por isso que ria da mentira alheia. Também sofria, e ela sabia bem que o que diziam, que às vezes vale mais uma doce mentira do que uma dura verdade tinha alguma razão de ser. Apenas não percebia porque tinha de arcar sempre com as verdades, por muito duras que fossem, sem ilusões que lhe facilitassem a existência. Muito terra a terra por imposição da vida. A própria vida que lhe trazia os amores, destruía-lhe os mitos e as nuances cor-de-rosa que lhes tentasse imprimir. Por isso as suas paixões eram, invariavelmente, coloridas de preto e branco, num daltonismo nem sempre sustentável com a maior das levezas. Olfacto e tacto e visão e ouvidos e paladar muito muito apurados... Dotada de nascença com um sexto sentido altamente apuradísssimo, perigosíssimo e tristíssimo.
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