Segunda-Feira - 9 da noite
Não deixa de ter lógica começar a achar-me velha. Com 32 anos e 3 dias.
Olhando as páginas que precedem o tempo em que agora escrevo posso afirmar que pouco se alterou na minha maneira de ser, de querer, de desejar, de pensar.
De pensar como gostaria que a minha vida tivesse sido. Não pedi muito, nem queria mais mas nem esse poucochinho consegui.
- Fui feliz. Fui triste. Fui o que fui, senti o que senti nas circunstâncias em que vivi e foi o que foi. Nem melhor, nem pior. Posso sempre dizer que poderia ter sido diferente mas nad nem ninguém duas vezes. Hoje posso dizer, achar muita coisa mas em relação a isto não. Nem adiantava de nada.
Nem hoje adianto eu lamentar-me que não gosto da vida que tenho - também só está nas minhas mãos mudá-la se desejar. Ou vivê-la. Ou perdê-la e perder-me nela e com ela. Como um fardo que se carrega e se impinge aos outros.
Se alturas há em que ninguém me aguenta muitas são as que eu também já não aguento ninguém. Nem a mim mas comigo posso eu. Não me quero mas posso.
E a dada altura chegar à conclusão que estar calada é mesmo o melhor remédio quando dentro de mim é só um barulho ensurdecedor. Revoltar-me por fim da merda que é o silêncio quando tenho tanto para dizer, quando há tanto para ser dito que senão agora se esquecerá.
Merda de mania de achar que somos eternos. Que o tempo dá para tudo. Que há muito tempo. E o tempo é uma fracção de segundo que nem chega a um minuto, em que tudo se pode alterar. Um suspiro e tudo muda, tão volátil... Como um espirro que vem do mais fundo de nós e não há maneira de controlar.
Assim fossem as pessoas. Muitas caladas. Tanta gente que calada dizia nada, muito mais do que quando cacofaneiam.
Por fim devolver ao céu que nunca foi meu todos os que amo com a mesma intensidade que outras vezes odeio.
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