sexta-feira, maio 15, 2009



“Devolvo à tarde triste a luz que me entristece,
E vou entristecendo
O largo,
O rio,
O campo
E, mais além, a linha do horizonte.
Mas repreendo os olhos e regresso
À página vazia
Onde, possesso (a)
Aguardo que desponte
A luz de um novo dia.


Um dia alegre,
Limpo,
Singular,
De nenhuma semana,
De nenhum mês,
De nenhum ano,
Miraculosamente amanhecido
Nas sílabas de um verso enfeitiçado,
A ressoar, medido e desmedido,
Na concha do ouvido
Deslumbrado.”

Miguel Torga

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